segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rastro Digital: Você Sabe o que é isso?

Alguns dos internautas, em especial os que tem a idade próxima da minha :-), devem lembrar de que na nossa época de adolescentes ao voltarmos de uma festa, viagem, passeio ou um local no qual estávamos... era comum a expressão:  ´... esqueci uma coisa´  ... o rastro...

Pois é, a brincadeira evolui e se tornou coisa séria. O que mudou é que as pessoas não olham para isso nem como brincadeira, nem como algo real, ou seja, não se dão conta que estão deixando um rastro efetivo e real, mas no mundo virtual.

O rastro digital se concretiza pela nossa marca, em especial no mundo web. Tudo o que fizemos na rede deixa registros permanentes. Penso ser possível dizer que mais da metade da população mundial tem rastros digitais que jamais serão apagados. Loucura!?... Então vejamos: Quem de nós ainda não postou fotos ou informações de avós, tios ou outras pessoas de terceira idade que não acessam a web e talvez jamais acessarão, mas que contudo tem também o seu rastro digital. As fotos na maioria das vezes são marcadas com os nomes das pessoas. Quantas famílias assim que o bebê nasce postam nos seus blogs e nas redes sociais as fotos, compartilham e comentam. Aliás muitos bebes são mais novos que o seu próprio rastro digital, pois este nasce antes mesmo deles virem ao mundo, com fotos das barrigas das mamães das ecografias em 3D que dependendo da qualidade do aparelho permitem praticamente visualizar os rostinhos dos bebês.

Muitos podem pensar: Resolvido: não quero mais minha presença na web eu simplesmente apago o que está postado. Contudo isso não é tão simples assim, pelo menos não no que tange a apagar esse rastro digital.
Primeiramente, porque tudo o que postamos na internet pode ser rapidamente replicado em outros sites, serviços, mídias e locais que nem temos consciência de onde estão. Isso gera um índice de capilaridade geométrica de todas as informações, imagens e vídeos disponíveis, o que aliás esta trazendo para a sociedade um novo conceito: o BIG DATA (este é assunto para outra edição).  Brewster Kahle, em 1996 fundou uma a Archive Internet, uma fundação destinada a manter a historicidade da Internet de forma legalizada, onde se mantem cópias de portais de todo o mundo em momentos diferentes da história digital e da qual ninguém altera nada, apenas consulta as informações ali encontradas (historicidade da Internet Mundial).

Segundo, porque não é apenas o que postamos que forma o nosso rastro digital, mas sim tudo o que acessamos, pesquisamos, clicamos, compramos, apagamos... enfim, tudo o que fazemos.  Nas redes sociais, primeiramente nos ´logamos´ (fornecemos nossa senha e nosso login), para então navegarmos através dos nossos relacionamentos. Com isso, toda essa navegabilidade é possível de ser medida, estratificada e usada, seja em benefícios dos nossos desejos ocultos, através de anúncios que aparecem de forma personalizada para cada pessoa, seja em benefício de empresas e instituições que se utilizam dessas informações para nos entender como consumidores, para nos monitorar e nos direcionar a ações de consumo ou mesmo a adesão de ideias específicas.

Os próprios buscadores como o Google conseguem hoje direcionar resultados de pesquisas diferente de acordo com o perfil da pessoa que está pesquisando e utilizando os seus softwares e, isso, não é nenhuma mágica, apenas códigos de programação aliados ao rastro digital de cada internauta.
Mesmo outros portais de informação ou de e-commerce trabalham com o uso de cookies, que são códigos de softwares instalados nos nossos computadores e que permitem ao portal reconhecer que estamos logados, o que já acessamos, quais as nossas preferências.

E aí, diante disso, devemos parar de usar esses recursos??? Penso que o radicalismo em nenhuma circunstância é positivo. O que precisamos, nesse caso é ter consciência de que deixamos marcas precisas e preciosas a cada clique que damos na internet e que isso pode ser usado tanto para nos ajudar quanto para nos atrapalhar.

A questão não é a tecnologia, mas o uso que o homem faz dela. Portanto da mesma forma que alguém mal intencionado pode ficar espionando a sua vida real por meses e entendendo os seus hábitos de movimentação física em frente a sua casa, existem pessoas que, com certeza, se utilizaram dos recursos digitais para também atualizar os seus métodos.

Além disso, é preciso entender que não dissociamos nossa vida pessoal da nossa vida digital, aliás elas estão cada vez mais casadas. Hoje os próprios processos de recrutamento e seleção empresas dos mais diferentes portes analisam o nosso rastro digital e tiram dessa análise importantes informações sobre o nosso SER, em essência. As gerações mais novas se mostram com mais naturalidade ainda no mundo digital. Porém, parecem não ter clareza de que isso é algo que fica registrado, ou que na melhor das hipóteses deixará rastros digitais efetivos na sua história digital.

Empresas avaliam rastros digitais dos candidatos nas redes sociais

A questão não está em usarmos ou não usarmos, ou na leitura que se faz de como cada um utiliza os recursos digitais, o que posta, o que pesquisa ou como faz. O fato é que precisamos ter consciência de que somos responsáveis sim pelo rastro digital que estamos construindo do nosso ser e, que infelizmente muitas coisas não serão possíveis de serem modificadas.

É preciso esclarecer que existem formas de trocas de informações seguras na internet e que garantem a confidencialidade das informações, como por exemplo, portais de bancos, comércio eletrônico, dentre outros. Nesse caso se trabalha com criptografia, ou seja, utiliza-se uma codificação diferente, com códigos de segurança específicos e palavras transformadas em códigos indecifráveis para terceiros (criptografadas). Uma das formas de saber se o site o usa a criptografia e atentar para o endereço do mesmo que normalmente é direcionado para https://...  Nesse caso o nosso rastro digital fica restrito a instituição com a qual estamos realizando as operações em questão.

Contudo, é preciso ter clareza que o mundo livre ao qual temos acesso na enorme gama de serviços e possibilidades da internet nos cobra numa moeda diferente: as nossas informações e os nossos hábitos. É também com isso que a internet cresce e se fortalece e, também por isso que nós somos beneficiados. Porém precisamos ter essa clareza: a cada clique dado aumentamos o nosso rastro digital na web.


Para quem tiver maior interesse recomendo que iniciem pela leitura das políticas de privacidade das Redes Sociais que utilizam e também do Sr. Google. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário