quarta-feira, 29 de junho de 2011

Produção de Conhecimento

No dia 08 de junho tive a oportunidade de assistir a uma palestra que nos possibilitou refletir sobre Pesquisa e Conhecimento, mas de uma forma muito simples e prática. A fala do professor Jorge Luiz da Cunha (UFSM)  apresentou a necessidade de produzirmos conhecimento para que possamos nos humanizar. O que significa essa produção do conhecimento? Como isso nos humaniza? Como contribuímos para que as demais pessoas possam chegar nisso? 
Sempre fui de acreditar que as coisas acontecem no momento certo e que, precisamos não apenas estudar ou teorizar, mas também agir e praticar. Juntando essas duas ideias: a fala dele veio num momento especial onde estou estudando exatamente sobre conhecimento, humanização, competências, pessoas e práticas. Aliás, uma coisa não existe sem a outra, ou melhor não gera resultado sem a outra (teoria-prática estudo-ação).
A produção do conhecimento se estabelece a partir do momento que as pessoas são desafiadas a dar sentido para as informações e fazer com que isso lhe trague um novo significado. Penso, contudo que seja ainda mais importante a capacidade de mobilizar esse conhecimento e, a partir disso desencadear ações, projetos, enfim desenvolver competências com base em valores, emoções e atitudes que acreditamos fazer a diferença.
Hoje tivemos na SETREM, novamente uma maratona de mais de 9h de banca de avaliação dos projetos interdisciplinares do Curso Técnico em Informática.
É um trabalho cansativo e que precisa disposição dos professores para estar acompanhando os resultados de grupo a grupo e prestando as devidas orientações. Contudo, eu desconheço uma forma mais apropriada para trabalhar com os adolescentes o desenvolvimento de suas competências profissionais.
Considero uma benção ter a oportunidade de acompanhar as pessoas nessas fases de suas vidas. Por muitos momentos, me pego pensando o que faz com que esse processo funcione, pois os resultados, até o presente momento, mostram que existe um amadurecimento no perfil pessoal e profissional desses jovens e, que eles passam a querer mais para si e para os seus.
Imaginem um espaço de avaliação onde os próprios estudantes apontam a necessidade de mudarem suas atitudes, de adotarem posturas e práticas diferentes para obterem resultados melhores. Muitos deles, conseguem olhar para frente e definir onde querem chegar. Ai está a beleza de acompanhá-los nesse período, poder ajudá-los a transitar e ir para algo melhor, aprenderem principalmente a sonhar e a acreditar que podem ir além, que não nasceram para ficar na situação cultural em que estão, que existe algo a mais, e que podem mais, se assim o quiserem. 
Sabemos que os objetivos e as cobranças lançadas sobre esses adolescentes são grandes. No entanto, muitos deles nos provam que são capazes e que talvez a possibilidade que eles tenham de produzir conhecimento e mobilizar esse conhecimento, trazendo algo de prático seja o grande diferencial e o que eles necessitam para iniciar a sua estrada profissional. Aqui novamente entra o casamento da fala do professor Jorge, que sustentava a necessidade da pesquisa ser aplicada e gerar um diferencial na vida das pessoas. A produção do saber humaniza e eu acredito piamente que oportunizar aos jovens a possibilidade de produzir conhecimento, produzir saberes, é a melhor forma de contribuir para a sua humanização e, com certeza, não há nada de tecnicista nisso.
Muitos desses estudantesvem para um curso profissionalizante esperando realizar provas e avaliações tradicionais, pois é a forma de trabalho pedagógico que conhecem. No entanto, até onde isso os conduz: aos caminhos que são conhecidos e a possibilidade de boas notas mediante estudo e memorização. Não há nada de errado nisso e, em muitos processos de produção de conhecimento ainda vamos precisar disso, por muitoooo tempo. O que muda na educação é o momento e o que esses jovens querem. O momento é especial: a saída da adolescência para o tumultuado ingresso no mundo do trabalho. O momento é especial: o me afirmar e reafirmar como ser humano e como pessoa e, por isso a forma de trabalho em termos pedagógicos num processo de formação profissional é tão importante.
É necessário nos aproximarmos do mundo do trabalho, aproximarmos esses jovens desse mundo e, para isso é preciso simular o mundo do trabalho, cobrando objetivos, prazos, envolvimento, trabalho em equipe, integração, responsabilidade, conquista das vitórias e, após o atingimento dos objetivos definidos, a busca por novos objetivos.
As empresas também produzem conhecimento, hoje em muitos setores a produção de conhecimento e o desenvolvimento de competências técnicas e humanas são o diferencial e o que leva as empresas a despontarem na liderança de processos, produtos e serviços. As insttuições estão indo em busca de processos de liderança que possibilitem a seus colaboradores avançar, evoluir, crescer.
Os cursos técnicos precisam caminhar na mesma direção, precisam orientar seus estudantes, mostrar o caminho e os conduzir ao amadurecimento pessoal e profissional, ou seja, ajudá-los a dar mais um passo no seu processo de humanização.
O resultado dos projetos a cada final de semestre, me deixa feliz e orgulhosa e faz também com que eu me desacomode. Em cada um desses momentos aprendo coisas novas e penso, a partir disso, em novos desafios e novos processos de aprendizagem, para novamente ter a oportunidade de aprender com pessoas mais novas e que eu nem conhecia.
Esses são ciclos e, avaliando a necessidade de produzirmos conhecimentos e de desenvolvermos capacidade, penso ser a possibilidade mais plausível para que possamos nos manter ativos nesse mundo. Criamos isso em termos tecnológico, incentivando as pessoas a socializarem as suas produções. Agora precisamos ter a consciência que precisamos transformar isso em diferenciais competitivos, aproveitando o que foi criado primeiramente no mundo virtual e que podemos aproveitar nas nossas equipes de trabalhos e nos nossos processos de formação profissional e pedagógica, ou seja, precisamos dividir a responsabilidade de produção de conhecimento e de aperfeiçoamento e criar ciclos para que as pessoas se envolvam fisicamente com isso e tenham prazer em ensinar e compartilhar com os outros os seus conhecimentos, não apenas produzir, mas também socializar.
Diz-se que as pessoas aprendem com muito mais facilidade e eficácia no momento em que são desafiadas a ensinar as outras pessoas. Aqui penso que esteja o pulo do gato dos projetos, pois os estudantes são desafiados a aprender, produzir algo com o que aprenderam, usando valores para isso (desenvolvimento das competências) e, ao mesmo tempo ensinar e repassar isso a outras pessoas e aos próprios professores. Existem um pensamento muito importante que diz “As pessoas ajudam a construir o mundo que elas ajudaram a pensar” Dale Carnegie.
Isso com certeza é mais uma prova de que o resultado dos projetos e o que se faz dentro do Curso Técnico em Informática da SETREM possibilita o envolvimento e o engajamento dos estudantes. Estamos longe ainda dos resultados que se podem obter, pois por mais bonito e desafiador que essa proposta seja, os principais gestores desses processos, (professores e estudantes) também lutam contra a forma como foram acostumados a ver a produção do conhecimento, ou seja, a linearidade. As barreiras disso estão sendo aos poucos vencidas, precisamos nos dar conta disso, de que funciona e de que criando ciclos de aprendizagem contínuos todos se beneficiam, a produção de conhecimento aumenta e as pessoas se tornam capazes de colocar esses conhecimentos em prática. Sobra mais tempo para os orientadores (sejam professores, ou mesmo líderes e empresários, pois o processo pode funcionar assim nas empresas) buscarem o resgate dos valores e das emoções, incentivando e direcionando que as pessoas nesse momento de mobilização dos conhecimentos. Com certeza, isso gera diferencial e conduz as pessoas à sabedoria. Quantos chegam lá. Esse é o desafio?? Quem está preparado para ajudar as pessoas nisso?? Esse é um desafio maior ainda ...

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